Barcos de papel
Guilherme de Almeida
Quando a chuva cessava e um vento
frio
Franzia a tarde tímida e lavada,
Eu saía a brincar pela calçada
Nos meus tempos felizes de menino
Fazia de papel toda uma armada
E, estendendo meu braço pequenino
Eu soltava os barquinhos sem
destino,
ao longo das sarjetas, na
enxurrada...
Fiquei moço. E hoje sei, pensando
neles,
Que não são barcos de ouro meus
ideais
Que são feitos de papel,tal como
aqueles
Perfeitamente, exatamente iguais...
Que os meus barquinhos, lá se foram
eles!
Foram-se
embora e não voltaram mais!