segunda-feira, 26 de setembro de 2011



A Paz Desejada
Castelo Hansen
Fonte -  Corvo.doc 1983
Eu quero a paz, mas não a paz dos brejos,
Do sangue coagulado.
Não quero a paz dos cemitérios.
Do homem humilhado.

Não quero paz do “Sim Sinhô”.
Não quero a paz da cidade bombardeada.
A paz dos escombros.
A paz dos derrotados.
A paz do Nada.

Não quero a paz sob o tacão de botas
De ditadura onipotente.
A paz dos que calam e consentem
Com medo de falar.

Só quer a paz, só aceitarei a paz
Quando vier, sorrindo, de mãos dadas
Com os homens que lutam e trabalham.
Só quero a paz quando sorrir nos campos
E os campos pertencerem aos seus filhos.
Só quero a paz quando ela andar nos trilhos
Acompanhando jovens namorados.

Só aceito a paz quando cantar no apito,
Da fábrica, livre, nas mãos dos operários.
Qundo não houver mais medo, frio ou fome.
E não houver mais ricos salafrários.

Só quero a paz depois de ganha a guerra,
Onde as armas são luz, amor, verdade.
Só aceito a paz, irmão meiga do povo,
Da justiça, do amor, fraternidade.

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terça-feira, 20 de setembro de 2011


Oração Internacional dos Animais
-Versão livre, autor ignorado-
Ó Homem, nosso mais antigo irmão, subindo os mesmos degraus:
Que somos nós senão minúsculas partículas do grande Cosmo?
Nem sempre é o grande muito maior que o pequeno.
A ascensão é sempre áspera, difícil e lenta.
Não nos subjugue com violência e excesso de trabalho não nos permitindo assim experimentar a alegria de viver.
Que o sentimento de afinidade e de origem comum leve você a compreender que nós também podemos sentir fome e sede, dor e sofrimento, mágoas e frustrações, tanto quanto você o pode.
Permita que possamos desfrutar como você, dos inúmeros prazeres do mundo físico: ar, sol, regatos, prados, bosques...
Dá, nós lhe suplicamos, condições para que os diferentes órgãos do nosso corpo possam funcionar com harmonia e saúde.
Oxalá nós recebamos na velhice a recompensa da mansidão e do humilde espírito de serviço, amor e fidelidade que temos demonstrado.
Especialmente que sejamos dispensados, tanto quanto possível, da dor da separação daqueles com quem temos convivido e, quando a fadiga,  a velhice e a doença nos atingirem,  permita que seja rápida a nossa recuperação e indolor a nossa morte, como você desejaria para si e para os seus entes queridos.
Que o coração daqueles que têm domínio sobre nós seja abrandado pela compaixão;
e nós não fracassaremos em devolver a nossa gratidão, fidelidade e amor.
Que reconheçam que nós nos devotamos e compartilhamos das suas pesadas responsabilidades e que, alegremente tomaremos parte nas mesmas, se nos derem em retribuição, boa alimentação, instrumentos de trabalho adequados e condições de serviço, abrigo condigno e descanso, de modo que possamos voltar ás nossas tarefas, cada dia, com renovado vigor.
Que conversem conosco algumas vezes e nos dêem a sua companhia compreendendo que, a fim de compartilharmos com suas vidas, temos muitas vezes que deixar de lado a Sociedade de nossa própria espécie, nos libertando assim, do sofrimento causado pelo isolamento e falta de companheiros.
Que sejamos incentivados a desenvolver nossas próprias faculdades ao máximo, e eles possam ter a necessária paciência para nos guiar e orientar, de modos que possamos subir sempre e cada vez mais alto a Escala da Evolução, da mesma forma que você deseja à  si próprio.
Ó Homem:
- Ouça esta oração silenciosa que sobe até você, das sombras dos matadouros e das armadilhas selvagens, dos laboratórios imperpetráveis e da escuridão das minas; de todas as partes do mundo onde nos encontramos, compartilhando com você o árduo processo da existência.
E, assim, possam os abençoados agradecimentos da multidão incontável de criaturas grandes e pequenas, da terra, do mar e do ar, visitá-lo no seu sono, e rodeá-lo, nesta hora em que você estiver colocando seus pés sobre um novo limiar e passeando no Futuro Desconhecido.
Estas coisas pedimos em nome da Misericórdia, da Piedade, da Fraternidade, da Paz, do Amor, da Justiça e da Retidão.
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domingo, 11 de setembro de 2011

Que estranhos seres são esses

Castelo Hansen


Que estranhos seres são esses

Que nesses tempos de guerra

Andam livres, desarmados?
Que estranha força os domina?
Que estranha crença os anima
Em seu viver descuidado?
 Serão loucos, visionários?
Seres interplanetários?
Criaturas do futuro
Ou fantasmas do passado?
 Reúnem-se nos seus templos,
Ou em suas catacumbas.
Que rezam estranha reza
Também chamada Poesia
E sua filosofia
Consiste em dar o que tem.
 Qual é a luz que os guia?
Pra onde vão?
De onde vem?
 São povos, são peregrinos,
Pobres, mulheres, meninos,
Com o poder milagroso,
De multiplicar idéias,
No viver cotidiano
De pequenas epopéias.
 Muitos deles já morreram,
Outros inda nascerão.
São etéreos, são fugazes,
São tímidos, são audazes,
Voam com os pés no chão.
Que estranhos seres são esses?
Livres como pensamento,
Frágeis, como folha ao vento,
Fortes como ventanias
Pois podem parar o tempo.
Com a força da Poesia

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Carta á Madalena

Aqueles que se aproximam de Deus na prece do silencio doa animais escutam suas súplicas que no fundo de cada coração brota em forma de paz, devoção amor.
Só aqueles podem ouvir das flores o convite ao beija-flor, das árvores os diálogos centenários, das águas a sinfonia maravilhosamente desordenada.
No decorrer do tempo, os que cultivam no ego a paz da natureza, crescem sábios, se tornam pares harmônicos, pedaços ambulantes de esperança, espelhos que em seu corpo brilhante refletem a criação maior.
Aos que convidam a sorrir, o sincero chamado do amor na terra, entre os homens, que a poesia da alma transcende os laços eternos na esperança de se criar um mundo mais digno, mais forte, mais coerente aos habitantes racionais e irracionais deste planeta, combinando natureza e inteligência, emoção e vida num colorido quebra-cabeça.
Ademar Lopes Junior



Hino ao Amor
Maria Madalena Manga
Ouça amor, no cosmo em plenitude,
No denegrir dos céus em seus confins,
Na leveza da tarde em quietude,
No espetáculo de um sol em festins,

No bailar em chamas dos ares,
Na canção do universo em calmarias,
No encapelar de fogo em mares,
No sussurro de adeus do dia,

Na humilde prece que reza o monte,
Contemplando, extasiado, a beleza
Nas mãos do criador no horizonte.

Um amor de unissonância mesma:
Sussurro de mudez da mesma fonte,
Resumo de alma, corpo e natureza...

C O S M O V I S Ã O

COSMOVISÃO
- Moysés Amaro Dalva -
Sou o Caminho que conduz à Vida,
Nem outro há para seguir além.
Para tornar-te mais feliz, contente,
Na aplicação do Ideal, do Bem.
Por oprimido, quanto fui, na vida,
Levando minha cruz sem protestar,
Eu sou a redenção para os teus males,
E sou a vela para o teu altar.
Para a tua alma, caminhando incerta
Sou a certeza boa do descanso.
Sou brisa mansa para o teu remanso,
No teu jardim sou a mais linda rosa.
Não mostro além um paraíso parvo,
Eu sou a porta da realidade.
Para a tua vida, aqui, de sofrimentos,
Sou o bálsamo fiel da Caridade.
Sou a ressurreição da morte inglória
Do apego vil do vão materialismo.
Sou a Verdade pelas mil mentiras
Com que te aferreteiam ao servilismo.
Eu sou o pão pra a fome de  justiça.
Das tantas iras que te oprime o dia
Sou o cordeiro da expiação
Para o repasto da tua alegria.
Assim falou em voz serena e mansa
Aquele homem  simples dentre o povo,
Do topo da montanha esmaecida
Eu o fitava contra um céu vermelho,
Soberbo e Manso, como um Deus! - De Pé!
Eu o fitava entre o véu de bruma
De um pranto triste a instilar-me n’alma.
Ele atingia toda a minha angústia,
Toda a  agonia que me perturbava.
Bendito Homem simples da Judéia!
Hei de segui-lo pela vida afora...
Com ele irei, mesmo através da noite,
Certo que há de conduzir-me a aurora
Junho 2003.