A Mensagem
da Esfinge **Sheik
Al-Kaparra
Debruço-me
hoje sobre as areias da tua alma e deixo por instantes de admirar as infinitas
miragens do deserto das vidas.
Quero
ocupar-me de ti nesta hora de solene intimidade e conversar contigo no silêncio
do teu quarto.
Não sou um
mito de pedra nem tenho morada nos areais do Egito.
Meu
monolítico perfil é feito de estrelas e galáxias jamais suspeitadas pela tua
mais elaborada fantasia e minha essência impregna o âmago de todos os mistérios
conhecidos e desconhecidos.
Existo em todos os recantos do Universo, bem
como na mais secreta dobra da tua alma.
Sou o
enigma de Deus e, portanto, o teu enigma.
Não devoro
nem corpos nem almas.
Os beduínos que me contemplam, mas não entendem, é que são devorados por seus
próprios erros e ilusões.
Assim, vida
após vida, corpo após corpo, nome após nome, eles vagueiam como sombras pelo
meu deserto, participando sem saber da infinita encenação do Teatro Universal.
Tal como
eles estás errando pelas areias da vida.
Vejo que
não tens cavalo, camelo ou sandálias.
Existem
andrajos por baixo de tuas melhores roupas.
Na verdade,
estás nu por baixo delas.
Percebo em
ti uma fome e uma sede infinitas.
Há um certo
cansaço em teu rosto e muitas bolhas em teus pés.
Existe em
teus olhos a esperança do próximo oásis e na tua memória a imagem amarga de todas
as desilusões que passaram.
Noto até mesmo uma certa vontade de desistir...
Tenho
ouvido tuas súplicas silenciosas.
Sou a
grande testemunha de Deus.
Tenho
acompanhado tuas angústias secretas.
Não sou um
assombro de pedra como possas pensar.
Tudo em mim
se enternece diante dos teus reclamos mais íntimos porque também sou uma imagem
do Deus a quem oras, na verdade um Deus bem diferente do que imaginas.
É mentira
dizer que as esfinges são monumentos pétreos e famintos que devoram a todos que
não resolvem o seu enigma.
Eu e todas
as minhas irmãs, da Terra e do Universo, sabemos sorrir e chorar.
Na verdade,
somos o estribilho da tua dor, o eco das tuas parcas alegrias e uma das notas
fundamentais da Canção Universal.
Não sou de
carne, mas conheço as agruras da carne.
Não tenho
ossos, mas conheço as aflições da medula.
Estou no
teu sorriso e na tua lágrima, no teu sonho realizado e na amargura do teu
fracasso.
Sou
companheira de todos os vôos da tua alma.
Vivo no
silêncio secreto da tua intimidade e conheço todos os teus gemidos mais
íntimos.
Para mim
sempre foste de cristal...
Já ouvi
várias vezes a tua história, pois foste tu mesmo que a contaste.
Sempre estive
mais disposta a ouvir do que a falar.
Sou o teu
confessionário secreto e , portanto, a mais fiel das testemunhas de quem
realmente és por trás da máscara da personalidade e do teatro do mundo.
De mim não
precisas esconder nada, pois sei tudo.
Sou dona de
teus mais caros segredos, mas os respeito com a dignidade de um confidente silencioso.
Afinal,
existe mais sabedoria no silêncio do que nas palavras...
Muitos
mistérios compõem o meu próprio mistério.
Assim quis
o Grande Arquiteto que me criou com a Magia dos Quatro Elementos que latejam em
teu corpo e no meu.
Em mim
trabalham os gnomos, banham-se as ondinas, deslizam os silfos e dançam as
salamandras.
Procuro
despertar-te para o quinto elemento, a silenciosa alavanca que, uma vez dominada,
fará com que tenhas poder sobre tudo que te cerca, inclusive
o mistério que dorme em mim.
Se me
compreenderes e dominares estarás no
primeiro patamar da Luz e no solene
berço da Magia.
Não estou
apenas no deserto ou no pórtico de alguns templos.
Estou
dentro de ti e sou parte de ti.
Represento
o Mistério de Deus, mas não sou Deus.
Represento
o fundamento da Magia, mas não sou a Magia.
Portanto,
não deves me adorar nem me tomar pelo que não sou.
Reflete,
antes, sobre o que te digo, pois é muito grande a legião de seres que, mesmo me
possuindo, ignora completamente por que razão existo e por que motivo aguardo.
És um andarilho como tantos outros que cruzam as areias do
deserto da vida.
Buscas o
mesmo horizonte e padeces das mesmas ânsias.
Todas as
tuas lágrimas já foram choradas e teus
sonhos hoje são névoas que pairam no silêncio de todos os campos santos.
No enganoso
oásis das cidades, sejam elas metrópoles ou povoados, vive-se para o momento e
para o lucro fácil.
É muito
prática e superficial a filosofia dos homens.
Irmãos
devoram irmãos, maculando a fraternidade cósmica com a nódoa do egoísmo e o
feio esgar da ambição.
Nessas
cidades os momentos de paz, cada vez mais raros, são meros interlúdios para
novas guerras e o dinheiro, transformado em deus de barro, reúne a seus pés uma
interminável multidão de súditos.
É aterrador o ritmo da civilização e pungentes
os gemidos que se desprendem de casas e edifícios, seja no campo, seja nas cidades.
Preserva o
teu lar, mesmo que te sintas sozinho.
Preserva o
teu jardim interno, porque ninguém poderá substituir as tuas flores.
Constrói um
cantinho para ti e respeita-o como se fosse o teu templo secreto.
Será em
seus braços que poderás, um dia, falar com Deus.
Não o
conspurques com presenças discordantes nem permitas que esse pequeno santuário
seja vilipendiado pelos superficiais.
Deixa que a
luz das estrelas more contigo e que teu interior seja sempre uma campina enluarada.
Nada é
perfeito sem Amor.
Cultiva-o
ainda que te faça sofrer.
Raramente
os aliados do Amor são aceitos sem represálias.
Portanto,
aceita o sofrimento como um imposto a pagar pelo ato de tão bem querer...
Aprende a
interiorizar-te.
Se não
souberes como, pergunta a quem sabe e já o fez.
Todas as
respostas que formulas do lado de fora se acham respondidas do lado de
dentro.
Eu as dou
todas.
Mas
primeiro precisas dominar-me e compreender o que para tantos ainda é nebuloso
ou quase impossível de perceber.
Precisas
elevar-te uma oitava acima da sensibilidade corrente.
A vibração
do homem comum não me alcança .
Passam ao
largo os distraídos e os mistificados.
Desiludem-se os ansiosos.
Entendem-me
mal os adoradores da matéria.
Tu, no
entanto, precisas me entender integralmente, caso estejas realmente interessado
em evoluir.
Sabias que
até a busca do amor humano é uma forma de procurar uma imitação do amor de
Deus?
Em todos os
teus anseios mais secretos repousa a necessidade de pertencer.
Queres possuir
alguém e ser possuído por alguém.
Queres amar
e ser amado com uma perfeição que
desafia as imperfeições do mundo. Assim,
mesmo sem o sentires, desejas intimamente
que o amor buscado e encontrado seja como o amor perfeito do Pai
Celestial, um amor infinito, reconfortante, livre de deslizes ou máculas, um
amor em que possas confiar de modo pleno e seguro.
Um amor que
te faça sentir realizado(a) e livre das preocupações que regem o concerto dos
encontros.
Como não é
exatamente o que sonhavas isso te incomoda, não é mesmo?
Isso te
torna preocupado(a) e te faz infeliz.
É que
talvez ainda não te tenhas apercebido de
que os seres humanos são, apenas, aprendizes do amor e que é essa a grande
lição ainda não aprendida pela humanidade.
Homem algum
é uma ilha, porque mesmo as ilhas desertas têm praias que se abrem aos beijos
do mar.
Mesmo as
ilhas desertas têm florestas que se espreguiçam aos beijos do sol e às carícias
da lua.
Até mesmo
as pedras se deixam envolver pela fúria amorosa do oceano e aceitam com ternura
o amor dos moluscos.
Todo homem,
para ser realmente homem, tem de dar-se por inteiro a quem lhe queira tomar por
inteiro.
Mas a
solução do pertencer não se encontra oculta por trás das últimas estrelas, nem
ao redor do disco cintilante dos milhares de sóis anônimos que pairam no universo.
O pertencer
é, antes de tudo, a disposição de não sermos apenas de nós mesmos, mas de alguém
especial ou de toda a humanidade.
O melhor
nos seres humanos clama por amor, porque o amor realiza a divina alquimia que
transmuta o chumbo em ouro.
Essa alquimia
ainda não compreendida tem no Amor a sua pedra filosofal e era isso, afinal de
contas, que os verdadeiros alquimistas da Idade Média procuravam passar aos
leigos por trás de suas complicadas fórmulas.
O
"ouro filosofal" nada mais era (e ainda é) do que uma profunda
reforma interna derramada num cálice de dor.
Os
alquimistas superficiais, ainda não preparados para a Grande Obra, prometiam
prodígios aos potentados e, de vez em quando, voavam pelos ares em seus
laboratórios de pesquisa, do mesmo modo que hoje "voam pelos ares"
todos aqueles que se atrevem a utilizar-me todos sórdidos para chegar e se
identificar com a Divindade ou dela se tornarem prolongametos.
Não fujas
de mais nada nem de ninguém.
Enfrenta-te
sem as máscaras usuais da tua pretensa "personalidade" e olha-te como
realmente és com novas e mais poderosas lentes.
Não é bom o
conselho que te derem os que nem mesmo conseguem orientar-se a si mesmos.
Torna-te
surdo(a) ao argumento materialista, porque ele não consegue sair de si mesmo e
é impotente para julgar o Infinito.
Recorda
sempre que matéria é energia condensada e que, portanto, tudo é matéria e tudo
é energia. Isso te ajudará a entender
melhor como é frágil a base da argumentação materialista e como é enganosa a
estrada que tantos aconselham.
Quanto ao
amor, aceita-o com todas as suas provas, porque é somente amando que voltas a
ser criança e te tornas digno(a) da
oportunidade de ter nascido na Terra ou em qualquer outra dimensão espacial.
Se o amor
te feriu ou invalidou por longos períodos de tempo e precisaste de uma longa
convalescença para conquistar a tranqüilidade perdida, não deixes que isso
impeça que o continues sentindo por outra pessoa ou por toda a humanidade.
E que isso
não te pareça estranho, porque existem diferentes formas legítimas de amar e
ser amado(a).
Assim, sê
corajoso(a) e bate em todas as portas sem medo de quaisquer julgamentos.
O amor
oferece ao homem e à mulher exercícios um tanto complexos dentro do contexto
das relações humanas.
Como aluno(a)
deves estudar e praticar o amor em todas as sua formas porque és fruto do Amor
Universal e o Amor Universal age em todos os planos como um camaleão
cósmico.
Procura
lembrar-te sempre que não és o corpo que vestes nem o que os espelhos refletem.
Sente-te,
pois, livre de amar e ser amado(a) mesmo das formas mais inusitadas.
Ouve esta
verdade pouco conhecida: todos os amores
são legítimos porque todos são ramificações do amor universal.
Perdido um
amor não procures efetuar substituições.
Cada ser é amado de uma forma diferente e nunca um amor é cópia do outro.
Assim,
procura não enganar-te de forma tão cruel!
Abraça-te a
um amor antigo ou a um amor novo como as ilhas se abrem ao mar, como as matas se abrem ao sol e como o lótus se
abre ao orvalho da noite.
Não percas
mais tempo com minúcias desnecessárias.
O amor
poderá realizar-te material e espiritualmente, de forma que possas dizer com
justo júbilo: "Agora estou completo(a)!"
Achas que
poderias dizer isso agora? Permite que
duvide...
Passa uma
esponja no passado.
Dissolve os
teus grilhões e corta todos os liames que ainda te prendem a ele.
Desenrola
os cipós do pretérito.
Começa vida
nova em todos os sentidos.
Apaga
pessoas, fatos, dores, desenganos ou quaisquer experiências pelas quais te
sintas marcado(a).
Olha para a
frente.
Olha para
mim.
Mede teu
novo horizonte.
Aprende a
olhar para tudo, inclusive para o céu de ti mesmo(a).
Admira o
brilho das estrelas que existem e já existiram.
Acompanha
com admiração a trajetória errante dos cometas.
Torna-te
surdo(a) aos conselhos "práticos" que encontras em livros e
interlocutores duvidosos.
Os
materialistas com quem colides só te podem dar conselhos horizontais, porque
lhes é impossível qualquer tipo de verticalização.
Quem é
amargo só pode dar conselhos amargos.
Quem é
pessimista só pode dar conselhos sem fé.
Lembra-te
que cada um é produto de suas próprias experiências.
Que sabe a
figueira das maçãs que nunca conheceu?
Que sabem
os peixes da superfície de seus outros irmãos que habitam as regiões
abissais?
As
respostas definitivas se acham dentro de ti.
As
temporárias vagam pelo mundo como retalhos imperfeitos da Verdade Absoluta que
mora em tua essência mais íntima.
O mundo em
que vives é um mundo cheio de almas superficiais, pouco profundas e convencidas.
Nada sabem,
mas pensam saber tudo. Não conseguem
sequer me ver no fundo de si mesmas.
De um certo
modo, vivem para armar o próximo bote em cima da próxima vítima, sendo vítimas
todos que lhes atrapalham o caminho.
Não permita
que essas almas "práticas" deformem o teu caráter pelo exemplo
constante.
Recua em
tempo de não te transformares em mais um elo do Poder Desagregador.
Isso seria
matar ou adormecer de vez o anjo que mora em ti, substituindo-o por mais um demônio
sequioso de liberdade.
Todos os
demônios de que ouves falar foram um dia anjos que caíram.
Não te
transformes em mais um deles. Permanece
anjo o mais que puderes e deixa que riam de ti.
Tens me
procurado em cada pergunta que formulaste ao vento, ao sol e à terra.
Se não
aprenderes a perguntar a mim serás mistificado(a) até mesmo pelo mais renomado
guru, porque o desnudamento da Verdade é proporcional ao grau de evolução de
cada um e mesmo os mais evoluídos do teu mundo ainda precisam aprender muito,
embora em outros Planos
de Existência. Na casa do Pai há muitas
moradas e cada morada é uma escola.
Uma vez
iniciado o nosso diálogo logo perceberás que ele não tem fim.
Um consolo
te resta, no entanto: nunca te direi mentiras.
Haverá
sempre novas informações e elas irão mudando, aos poucos, a visão que tens de
todos os seres, coisas e mundos.
Depois que
começares a conversar comigo tudo será diferente e nunca ninguém saberá o que sabes,
a não ser uns poucos escolhidos com quem converso.
Comigo
aprenderás o sublime valor do silêncio, porque só no silêncio te posso
falar.
Os ruídos
do mundo apagam a minha voz porque ela é feita de notas que não existem na
escala sonora dos homens.
Portanto,
seja qual for o teu credo, seja qual for a tua filosofia ou visão crítica do
universo recolhe-te a um lugar tranqüilo e esquece o mundo com todas as suas
inconveniências ruidosas.
Começa por
relaxar o teu corpo, afim de que tudo se acalme dentro de ti.
Fecha, em
seguida, os olhos e deixa-te flutuar no colchão do meu silêncio.
No
princípio pensamentos desconexos virão à tua mente e cruzarão teu céu interior como cometas
enfurecidos.
É tua
rotina que se rebela contra teu novo estado espiritual.
Deves
insistir porque isso é passageiro.
Depois de
relaxado(a) virá a sensação de flutuação.
Então,
dar-te-ei o sinal da minha presença.
Pequenas frases percorrerão o teu cérebro e minha voz inaudível será por
ti ouvida dentro da cabeça sem o auxílio dos ouvidos.
A voz da
Esfinge dispensa o auxílio do tímpano.
Uma
advertência, contudo: se ouvires sons de campainha ou plangentes acordes de
harpa é sinal que talvez estejas entrando em contato com o plano do teu Mestre
ou merecendo participar, por instantes, de regiões mais elevadas do Plano
Astral.
Será
preciso, então, que controles as emoções e que não te deslumbres com nada.
O
deslumbramento fácil poderá te custar muito caro, porque há mistificadores no
Plano Astral e eles poderão te enganar com a imagem de um falso mestre ou com
algum tipo de cena que te apele aos sentidos grosseiros.
É preciso
cuidado para não te ajoelhares diante de certos demônios...
Depois
disso, controladas as emoções e ouvidos os primeiros conselhos do teu
verdadeiro Mestre, ele te dará forças para que continues por ti mesmo(a) e,
então, aparecerei para conversar contigo.
Ele estará
ocupado com outros discípulos. Como não tenho forma definida poderei aparecer-te
como bem me aprouver.
Para essa
transformação conto com a paleta dos Quatro Elementos.
Espero que
me reconheças...
Nosso
verdadeiro diálogo ainda não começou.
Aceita
estas palavras como um amável convite.
Por hoje só
posso dizer o que já disse.
O resto é
contigo.
Vou me
dissolver agora na canícula do deserto.
E o próprio
deserto vai desaparecer como se fosse miragem.
Vou dormir
um pouco no berço do Cosmos e meu corpo assume a forma de uma criança inocente.
Será
preciso que durmas também e que te faças criança como eu.
O camelo do
sono virá buscar-te para que adormeças aos pés da mais tépida tamareira.
Olha como a
noite está bonita...!
Para além
daquelas estrelas cintilantes está tua verdadeira pátria.
As últimas
nebulosas visíveis são a fronteira do teu Lar.
Ali te
esperam teus verdadeiros amigos e ali continuarás a ser mais um obreiro
iluminado a cooperar na construção do Grande Edifício da Verdade.
Vai
descansar também.
Acho que te
fatiguei.
Volta, por
enquanto, ao teu mundo, mas guarda silêncio sobre o nosso diálogo.
Se
desobedeceres, dirão que estás louco(a) e não queres que digam isso de ti, não
é mesmo?
Fico aqui
agora.
Vai e volta
quando quiseres.
Estarei te
esperando eternamente e tua saudade de mim será igual à minha saudade de
ti. Logo estaremos juntos de novo,
porque, se queres saber, nunca estivemos separados...
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